Poesie di Adelia Prado Poetessa brasiliana-Biblioteca DEA SABINA
Biblioteca DEA SABINA
-Poesie di Adelia Prado -Poetessa brasiliana-
Adelia Prado
O sonho encheu a noite
Extravasou pro meu dia
Encheu minha vida
E é dele que eu vou viver
Porque sonho não morre.
Adélia Prado
Il sogno ha riempito la notte
Estravaso dalla mia giornata
Mi ha riempito la vita
Ed è lui che vivrò
Perché il sogno non muore.
Adélia costuma dizer que o cotidiano é a própria condição da literatura. Morando na pequena Divinópolis, cidade com aproximadamente 200.000 habitantes, estão em sua prosa e em sua poesia temas recorrentes da vida de província, a moça que arruma a cozinha, a missa, um certo cheiro do mato, vizinhos, a gente de lá.
Adelia dice spesso che la quotidianità è la condizione stessa della letteratura. Vivendo nella piccola Divinopolis, città di circa 200.000 abitanti, sono nella sua prosa e nella sua poesia temi ricorrenti della vita di provincia, la signora che sistema la cucina, la messa, un certo odore di cespuglio, vicini di casa, gente di là.
BALÉ
– A Imagem Refletida – Balé do Teatro Castro Alves – Salvador – Bahia – Direção Artística de Antônio Carlos Cardoso. Poema escrito por Adélia Prado especialmente para a composição homônima de Gil Jardim.
Vem de antes do sol
A luz que em tua pupila me desenha.
Aceito amar-me assim
Refletida no olhar com que me vês.
Ó ventura beijar-te,
espelho que premido não estilhaça
e mais brilha porque chora
e choro de amor radia.
(Divinópolis, 1998).
BALLET
– L’immagine riflessa – Balletto del Teatro Castro Alves – Salvador – Bahia – Direzione artistica di Antonio Carlos Cardoso. Poesia scritta da Adelia Prado appositamente per l’omonima composizione di Gil Garden.
Viene da prima del sole
La luce che nella tua pupilla mi disegna.
Accetto di amarmi così
Riflesso nello sguardo con cui mi vedi.
Oh ventura baciarti,
specchio che premuto non si frantuma
e più brilla perché piange
e piango d’amore radia.
(Divinopolis, 1998).
Dia
As galinhas com susto abrem o bico
e param daquele jeito imóvel
– ia dizer imoral –
as barbelas e as cristas envermelhadas,
só as artérias palpitando no pescoço.
Uma mulher espantada com sexo:
mas gostando muito.
– Adélia Prado
Giorno
Le galline spaventate aprono il becco
e si fermano in quel modo immobile
– stavo per dire immorale –
le barbe e le creste rosse,
solo le arterie che palpitano sul collo.
Una donna stupita dal sesso:
ma mi piace molto
– Adélia Prado
Testo estratto dal libro “Filandras”, Editore Record – Rio de Janeiro, 2001, pag. 111.
La mia anima è in difficoltà, tentata dalla tristezza e dalla sua raffinatezza. Mio padre morto non lo ripeterà quest’anno: “Niente come un pollo con riso dopo la messa”. Mia sorella piange perché suo marito è legato con i soldi e lei voleva davvero comprare qualche festa, qualche regalino in più, la vita, e lui trova tutto sciocco e vuole solo riempire il frigorifero con mortadella e birra. Forse per questo o perché mi sono trovata troppo vecchia nello specchio del negozio, ho difficoltà ad aiutare Coralia. Vorrei tanto piangere, sto piangendo davvero, alla vigilia della nascita del Signore, io che tremo appena nati. Sto trovando il mondo triste, volendo mamma e papà, anch’io Coralia ha detto: sei così creativa! E lo sono davvero, potrei inventarmi una sofferenza così insopportabile da appassire tutto intorno a me. Ma non voglio. E anche se volessi, per destino, non posso. Questo muschio tra le pietre non consente, è troppo verde E questa sabbia. Sono troppo carini! A mezzanotte arriva il ragazzo, a mezzanotte in punto. Fodero il sonno di paglia. Arriva, le cose lo sanno, perché pulsano, le pecore di gesso, la stella di brillantini, la laguna fatta di specchi. Farò le ghirlande per Coralia adornare il tuo negozio. Le radiazioni della “luce che non ferisce gli occhi” si fanno strada tra le macerie, avanza impercettibile e i ruvidi, anche i ruvidi, bagnati. Sfoco un po’ lo sguardo e c’è l’aureone, la chiarezza attesa, a Coralia, a Giovanna con suo marito e in me, anche in me che scelgo di bere il vino della gioia, perché da questo luogo, dove “il leone mangia la paglia con il bue”, questa certezza mi prende: “uno piccolo ragazzo ci condurrà”.
Presso il Presepe- Adelia Prado
Testo estratto dal libro “Filandras”, Editore Record – Rio de Janeiro, 2001, pag. 111.
- · ” Dona Doida “
Uma vez, quando eu era menina, choveu grosso
com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora.
Quando se pôde abrir as janelas,
as poças tremiam com os últimos pingos.
Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema,
decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos.
Fui buscar os chuchus e estou voltando agora,
trinta anos depois. Não encontrei minha mãe.
A mulher que me abriu a porta, riu de dona tão velha,
com sombrinha infantil e coxas à mostra.
Meus filhos me repudiaram envergonhados,
meu marido ficou triste até a morte,
eu fiquei doida no encalço.
Só melhoro quando chove.
– Adélia Prado
O texto acima foi extraído do livro “Poesia Reunida”, Editora Siciliano – 1991, São Paulo, página 108.
“Dona pazza”
Una volta, quando ero bambina, pioveva forte
con temporali e lampi, esattamente come piove ora.
Quando si è potuto aprire le finestre,
le pozzanghere tremavano con le ultime gocce.
Mia madre come chi sa che scriverà una poesia
ha deciso ispirato: nuovissimo chuchu, angu, salsa all’uovo.
Sono andato a prendere i chuchus e sto tornando ora,
trent’anni dopo Non ho trovato mia madre.
La donna che mi ha aperto la porta, ha riso di una donna così vecchia,
con ombrello per bambini e cosce in vista.
I miei figli mi hanno ripudiato in vergogna,
mio marito era triste fino alla morte,
Sono impazzito a cercare
Miglioro solo quando piove
– Adélia Prado
Il testo sopra è stato estratto dal libro “Poesia riunita”, Editore Siciliano – 1991, San Paolo, pagina 108.
- ·
Texto extraído do livro “Quero minha mãe”, Editora Record – Rio de Janeiro, 2005, pág. 41.
Quero minha mãe
Abel e eu estamos precisando de férias. Quando começa a perguntar quem tirou de não sei onde a chave de não sei o quê, quando já de manhã espero não fazer comida à noite, estamos a pique de um estúpido enguiço. Sou uma pessoa grata? Às vezes o que se nomeia gratidão é uma forma de amarra. Entendo amor ao inimigo, mas gratidão o que é? Tenho problemas neste particular. Se aviso: passo na sua casa depois do almoço, acrescento logo se Deus quiser, não sendo grata, temo que me castigue com um infortúnio. Bajulo Deus, esta é a verdade, tenho o rabo preso com Ele, o que me impede de voar. Como posso alçar-me com Ele grudado à cauda? Uma esquizofrenia teológica, eu sei, quando fica tudo confuso assim, meu descanso é recolher-me como um tatu-bola e repetir até passar a crise, Senhor, tem piedade de mim. Até em sonhos repito, Senhor, tem piedade de mim, é perfeito. Sensação de confinamento outra vez, minha pele, minha casa, paredes, muro, tudo me poda, me cerca de arame farpado. Coitada da minha mãe, devia estar nesta angústia no dia em que me atingiu: “trem ordinário” Com certeza não suportava a idéia, o fardo de ter-que-dar-conta-daquela-roupa-de-graxa-do-meu-pai, daquele caldo escuro na bacia, fedendo a sabão preto e ela querendo tempo pra ler, ainda que pela milésima vez, meu manual de escola, o ADOREMUS, a REVISTA DE SANTO-ANTONIO. Mãe, que dura e curta vida a sua. Me interditou um reloginho de pulso, mas não teve meios de me proibir ficar no barranco à tarde, vendo os operários saírem da oficina, sabia que eu saberia o motivo. Duas mulheres, nos comunicávamos. Tá alegre, mãe? A senhora não liga de ficar em casa, não? Posso ir no parque com a Dorita? Vai chamar tia Ceição pra conversar com a senhora? Nem na festa da escola, nem na parada pra ver eu carregar a bandeira ela não foi. Não dava para ir de “mantor” porque era de dia com sol quente, gastei cinqüenta anos pra entender. Teve uma lavadeira, a Tina do Moisés, que ela adorava e tratava como rainha. Sua roupa acostumou comigo, Clotilde, nem que eu queira, não consigo largar. Foi um tempo bom de escutar isto, descansei de vê-la lavando roupa com o olhar perdido em outros sítios, sentindo e querendo, com toda certeza, o que qualquer mulher sente e quer, mesmo tendo lavadeira e empregada. Tenho sonhado com a mãe tomando conta de mim, me protegendo os namoros, me dando carinho, deixando, de cara alegre, meus peitinhos nascerem e até perguntando: está sentindo alguma dor, Olímpia? É normal na sua idade. Com certeza aprendeu, nas prédicas às Senhoras do Apostolado, como as mães cristãs deviam orientar suas filhas púberes. Te explico, Olímpia, porque pode te acontecer na escola, não precisa levar susto, não é sangue de doença. Achei minha mãe bacana, uma palavra ainda nova que só os moleques falavam. Coitadas da Graça e da Joana, que nem isso ganharam dela. Morreu antes de me ensinar a lidar com as incômodas e trabalhosas toalhinhas. mãe, mãezinha, mamãezinha, mamãe, e o reino do céu é um festim, quem escondeu isto de você e de mim?
– Adélia Prado
Texto extraído do livro “Quero minha mãe”, Editora Record – Rio de Janeiro, 2005, pág. 41.
Voglio la mia mamma
Io e Abel abbiamo bisogno di una vacanza Quando inizi a chiedere chi ha preso da non so dove la chiave di non so cosa, quando già al mattino spero di non cucinare la sera, siamo in giro per uno stupido maialino. Sono una persona grata? A volte ciò che si chiama gratitudine è una forma di legatura. Capisco l’amore per il nemico, ma la gratitudine cos’è? Ho dei problemi in questo privato. Vi avverto: passo a casa vostra dopo pranzo, aggiungo subito se Dio vuole, non essendo grato, temo che mi punisca con una sfortuna. Dio lusinghiero, questa è la verità, ho il sedere incastrato con Lui, il che mi impedisce di volare. Come posso stare con Lui attaccato alla coda? Una schizofrenia teologica, lo so, quando tutto si confonde così, il mio riposo è raccogliermi come un tatu-palla e ripeterlo fino alla crisi, Signore, abbi pietà di me. Anche nei sogni ripeto, Signore, abbi pietà di me, è perfetto. Sensazione di reclusione ancora, la mia pelle, la mia casa, i muri, il muro, tutto mi pota, mi circonda di filo spinato. Povera mia madre, dovrei essere in questa angoscia il giorno in cui mi ha colpito: “treno ordinario” Di sicuro non sopportavo l’idea, il peso di dover-dare-conto-di quel-vestito di levasso di mio padre, di quel brodo scuro nella bacinella, puzza di sapone nero e lei che vuole tempo per leggere, anche se per la millesima volta, il mio manuale di scuola, l’ADOREMUS, la RIVISTA DI SANT’ANTONIO Mamma, che dura e breve vita la tua. Mi ha vietato un orologio da polso, ma non ha avuto modo di vietarmi di stare al barcone il pomeriggio a guardare gli operai lasciare l’officina, sapeva che avrei saputo il motivo. Due donne, comunicavamo. Sei felice, mamma? La signora non le importa di stare a casa, vero? Posso andare al parco con Dorita? Chiamerai zia Ceizione per parlare con la signora? Né alla festa della scuola, né alla parata per vedermi portare la bandiera, lei non c’è andata. Non potevo fare il “mantore” perché era giorno con il sole caldo, ho speso cinquant’anni per capire. C’era una lavandaia, la Tina di Mosè, che lei amava e trattava come una regina. Il tuo vestito mi ha abituato, Clotilde, anche se lo voglio, non riesco a lasciarlo andare. È stato un bel momento per ascoltarlo, mi sono riposato nel vederla fare il bucato con lo sguardo perso altrove, sentendo e volendo, sicuramente, quello che ogni donna sente e vuole, anche se ha lavandaia e una cameriera. Ho sognato che mamma si prendesse cura di me, mi proteggeva gli appuntamenti, mi dava affetto, lasciandomi nascere, con un viso allegro, le mie tette e mi chiedevano anche: stai provando dolore, Olimpia? È normale alla tua età. Sicuramente hai imparato, nelle prediche delle signore dell’Apostolato, come le madri cristiane dovrebbero guidare le loro figlie pubere. Te lo spiego Olimpia perché può capitare a scuola, non devi spaventarti, non è sangue di malattia. Ho trovato mia madre figa, una parola ancora giovane che solo i ragazzi parlavano. Povere Grazia e Giovanna, che non l’hanno battuta nemmeno quella. È morto prima di insegnarmi a gestire le fastidiose e le fastidiose salviette. mamma mamma mamma mamma mamma e il regno del cielo è una festa chi l’ha nascosto a me e a te?
– Adelia Prado
Testo estratto dal libro “Voglio mia madre”, Record Editore – Rio de Janeiro, 2005, pag. 41.
Com licença poética
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Con permesso poetico
Quando sono nato un angelo snello,
di quelli che suonano la tromba, ha annunciato:
vai a portare bandiera.
Un posto molto pesante per una donna,
questa specie ancora vergognata.
Accetto i sotterfugi che mi stanno bene,
senza dover mentire.
Non sono brutta che non posso sposarmi,
Trovo Rio de Janeiro una bellezza e
Bene sì, ora no, credo nel parto senza dolore.
Ma quello che sento lo scrivo. Faccio il destino.
Inauguro le stirpe, i regni di fondo
— il dolore non è amarezza.
La mia tristezza non ha pedigree,
già la mia voglia di gioia,
la tua radice va a mio nonno mille
Sarà zoppo nella vita è una maledizione per gli uomini.
Le donne sono pieghevoli Lo sono.
- ·
Com licença poética
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Con permesso poetico
Quando sono nato un angelo snello,
di quelli che suonano la tromba, ha annunciato:
vai a portare bandiera.
Un posto molto pesante per una donna,
questa specie ancora vergognata.
Accetto i sotterfugi che mi stanno bene,
senza dover mentire.
Non sono brutta che non posso sposarmi,
Trovo Rio de Janeiro una bellezza e
Bene sì, ora no, credo nel parto senza dolore.
Ma quello che sento lo scrivo. Faccio il destino.
Inauguro le stirpe, i regni di fondo
— il dolore non è amarezza.
La mia tristezza non ha pedigree,
già la mia voglia di gioia,
la tua radice va a mio nonno mille
Sarà zoppo nella vita è una maledizione per gli uomini.
Le donne sono pieghevoli Lo sono.
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Adélia Luzia Prado de Freitas, meglio conosciuta come Adélia Prado (Divinópolis, 13 dicembre 1935), è una poetessa, docente e filosofa brasiliana che si rifà al modernismo. Una delle caratteristiche del suo stile è il fatto di parlare del quotidiano con perplessità e incanto, guidato dalla fede cristiana. Nel 1976, invia il manoscritto di Bagagem ad Affonso Romano de Sant’Anna, colonnista di critica letteraria per Jornal do Brasil, il quale rimanendo colpito li invia a Carlos Drummond de Andrade, che spinge la pubblicazione del libro dall’Editora Imago. Da docente insegna per 24 anni, fino a quando si dedica interamente alla scrittura. Una moglie, una madre e una donna di casa, Adélia, grazie al suo ingresso nella letteratura brasiliana, fa sì che la figura della donna acquisti valore come essere pensante.